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FELIZ ANO NOVO!


RECEITA DE ANO NOVO

Por Carlos Drummond de Andrade


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997


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CAMINHO SEM VOLTA - A HISTÓRIA DOS NOVOS BAIANOS E OUTROS VERSOS


Livro: A HISTÓRIA DOS NOVOS BAIANOS E OUTROS VERSOS
Autor: Moraes Moreira

Editora: Lingua Geral




O GLOBO, SEGUNDO CADERNO, 03/12/2007

Que a música dos velhos Novos Baianos continua viva, influenciando jovens artistas e conquistando novos fãs, ninguém duvida.

Recentemente, o clássico "Acabou chorare" foi escolhido o melhor na lista dos cem discos da música brasileira de todos os tempos, segundo votação realizada pela revista "Rolling Stone". Agora, reforçando essa onda, um dos fundadores do grupo — e o primeiro a largar a lendária comunidade musical e cair na estrada para seguir carreira solo —, o cantor, compositor e violonista Moraes Moreira, que completou 60 anos em julho passado, dá a sua versão da epopéia novobaiana num livro em linguagem de cordel, "A história dos Novos Baianos e outros versos", que será lançado hoje no Rio.

Filmes inéditos vão virar DVD Para nostálgicos, agora que dinossauros sacodem a poeira e saem atrás de reforço para suas finanças — dos Mutantes ao Led Zeppelin, do Police às... Spice Girls —, essa seria a hora certa. Mas, escaldado pela frustrante experiência de 1997, quando o grupo lançou "Infinito circular" e fez uma turnê, Moraes descarta a hipótese.

— Para os Novos Baianos existirem, era essencial vivermos juntos, em comunidade, respirando música o tempo todo. Na época (início dos anos 70), quando vinham nos perguntar onde a gente ensaiava, nossa resposta era: "A vida é um ensaio" — relembra ele, que levou cerca de três meses para escrever os 966 versos do cordel.

Novos Baianos, portanto, nunca mais. Mas o livro — lançado pela Língua Geral Editora, acompanhado de um CD no qual o cantor lê o cordel e que traz, na segunda parte, poemas inéditos e letras de sua fase solo — reforça o mito. É também o primeiro passo para a recuperação da obra do grupo. Os principais discos ganharam nos últimos anos versões em CD, e, agora, Moraes acena com raridades: o lançamento de registros em cinema e vídeo do grupo. Até o momento, são quatro DVDs na fila.

— Em 1972, quando a gente vivia no sítio Cantinho do Vovô (na Estrada dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio), Solano Ribeiro ofereceu para uma emissora de TV alemã o projeto de um documentário sobre o grupo. Ele filmou nosso cotidiano, a gente fazendo música, jogando bola, cuidando das crianças. Isso só foi exibido lá, na época, com legendas em alemão — conta Moraes, que já tem a cópia em DVD.

Desse mesmo período há dois outros raros registros. Um, mais musical, é a participação deles no programa "Ensaio", que Fernando Faro dirigiu para a TV Cultura, com clássicos como "Acabou chorare", "Preta, pretinha" e "Dê um rolê". O outro é um íntimo documentário, feito também no sítio-comunidade, pelo fotógrafo Pedro de Moraes (filho de Vinicius). Por fim, o cineasta baiano Henrique Dantas fez agora o documentário "Filhos de João" (João que, claro, é o Gilberto), com cenas de arquivos e entrevistas com os músicos do grupo e gente ligada a eles, como o designer tropicalista Rogério Duarte e o cantor e compositor Tom Zé.

Tom Zé, como é narrado no cordel, foi quem apresentou, em 1968, o jovem Antônio Carlos Moreira Pires, recém-chegado de Ituaçu, no interior da Bahia, ao seu futuro letrista, (Luiz Dias) Galvão — este, nascido em Juazeiro, também a terra de João Gilberto. A partir daí, são introduzidos cada novo novobaiano: Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo, os irmãos Pepeu e Jorginho Gomes, Dadi Carvalho, Charles Negrita, Baixinho e Bolacha — os dois últimos, já mortos.

Antes e depois de João Gilberto Eles estrearam em Salvador, em 1969, com o show "Desembarque dos bichos e depois do dilúvio".

Um ano depois, desembarcaram em disco com "É ferro na boneca", soando como órfãos roqueiros do tropicalismo. Mas só a partir do segundo, "Acabou chorare", lançado em 1972, que o mito em torno do grupo iria se justificar. Ali nasce uma simbiótica fusão de samba, choro e rock. Para isso foi fundamental o hilariante encontro com João Gilberto. Certa noite, toca a campainha no apartamento em Botafogo (antes de a comunidade se mudar para o sítio), e o baixista Dadi (depois um dos fundadores da Cor do Som e hoje no grupo de Marisa Monte) se assusta com o senhor em roupas formais na porta.Parecia um policial, só que, no lugar de uma intimação, o pai da bossa nova apresentou-os a velhos e então esquecidos sambas.

— João foi quem nos disse para olharmos para dentro da gente.

Graças a ele descobrimos um sem sil que, então, não nos interessava — conta Moraes, que vê na guitarra de Pepeu Gomes a junção de Jacob do Bandolim e Jimi Hendrix.

O terceiro disco, "Novos Baianos F.C." (1973), é outro clássico. O compositor ainda participaria do seguinte, "Novos Baianos (Linguagem do alunte)", em 1974, antes de partir para a carreira solo. Sem, no entanto, cortar de vez o cordão.

— Desde então, a gente vê ciclos de interesse pelos Novos Baianos.

E o atual é muito forte — diz ele, tendo como exemplo mais explícito os Tribalistas Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.

— E, como a garotada vive me perguntando sobre o grupo, resolvi contar essa história.

A opção pela linguagem do cordel é outro elo com a infância: — Meu irmão mais velho, Zé Walter, é poeta. Lá em casa, fazíamos festivais de poesia, líamos Drummond, Manuel Bandeira. E o cordel é uma arte, com uma estrutura rígida. Se você chegar no Nordeste com um verso capenga, vai ouvir: "Isso não é cordel!".

A experiência picou o músico, que já planeja novo livro — "Dessa vez em prosa, inspirado no interior baiano, que tem algo de ‘Cem anos de solidão’". Mas sem largar a música.

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'As Melhores Piadas que Circulam na Internet' é a garantia de muitas gargalhadas

Organizador: Luiz Aviz


As Melhores Piadas que Circulam na Internet

Em 2000, publiquei pela Editora Record meu primeiro livro de piadas, As melhores piadas que circulam na Internet. Naquela época, minha caixa postal guardava 350 e.mails de piadas recebidas de amigos.

5ª Edição.
12.000 livros vendidos.
Lançado em 2.000.






Piadas da Internet para Crianças Espertas

No ano seguinte, já podia contabilizar quase 800, muitas das quais provenientes de colaboradores anônimos. Comecei a perceber que as crianças eram meus maiores leitores. Nada mais natural, então, que me dirigisse diretamente para elas. Nascia o Piadas da Internet para crianças espertas, que me deu uma imensa alegria em razão do sucesso junto à garotada. Durante vários meses, o livro freqüentou a lista dos mais vendidos do Jornal do Brasil.

Em Março de 2002 esteve em 3º lugar na lista dos mais vendidos na categoria Infanto-Juvenil
3ª Edição
18.000 livros vendidos.
Lançado em 2.001





As melhores Piadas que Circulam na Internet Versão 2.0

Como nunca parei de receber piadas, nada mais lógico que organizar e selecionar as melhores e publica-las novamente em livro. No fim de 2005, já contava 4.000 piadas no meu computador. Uma pequena parte delas agora apresento a todos meus amigos, colaboradores e leitores fiéis. Com certeza, 'As melhores piadas que circulam na Internet versão 2.0' é a garantia de muitas gargalhadas para os que já estão carecas de navegar pela rede, e um baú cheio de novidades hilariantes para os que ainda não entraram no mundo virtual. O lançamento foi no dia 12 de Julho de 2006 na Livraria Argumento Leblon.

Em um ano o livro já esta na 4ª edição
+ de 15.000 livros vendidos.


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Ed Madras lança biografia de Janis Joplin

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"Com Amor, Janis Joplin"
por Laura Joplin
Ed Madras





Em 19 de janeiro de 1943, nascia Janis Lyn Joplin, na cidade de Port Arthur, Texas, nos Estados Unidos. Ela cresceu ouvindo blues e cantando no coro local. Concluiu o curso secundário na Jefferson High School, no ano de 1960, e foi para a Universidade do Texas, na cidade de Austin, onde começou a cantar blues e folk com os amigos. Janis Joplin, como ficou conhecida, tinha uma voz marcante, elogiada pela crítica. Conquistou participação no grupo Big Brother and The Holding Company, que se destacava entre a nascente comunidade hippie em Haight-Ashbury.

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Carta que Fidel Castro escreveu para o livro de Niemeyer





Havana, 10 de outubro de 2007
Ano 49 da Revolução

Querido Niemeyer,

Tuas palavras em
O ser e a vida lembram-me Marti, quando escreveu El Ismaelillo para crianças e adolescentes. Tens meu pleno apoio em tua árdua batalha para estimular o hábito de ler. Dizes que, sem a leitura, o jovem sai da escola sem conhecer a vida.

Ler é uma couraça contra todo tipo de manipulação. Mobiliza as consciências, nosso principal instrumento de luta diante do poder devastador das armas modernas que o império possui; desenvolve a mente e fortalece a inteligência, do mesmo modo que caminhar fortalece os músculos das pernas; estimula o sentido crítico e é um antídoto contra os instintos egoístas do ser humano.

Nossa luta contra o analfabetismo foi apenas o ponto de partida para que não se perdesse nenhum talento e para que não existissem seres humanos excluídos da possibilidade conquistar por si mesmos a mais plena liberdade. Jamais dissemos ao povo cubano "creia", e sim "leia".
Sem cultura não há liberdade nem salvação possível. Como te escrevi antes, só uma consciência maior nos manterá firmes em nossa vontade de lutar pelas idéias mais justas e pela sobrevivência da espécie humana.

Muitas felicitações por teu aniversário. Que muitas pessoas, como tu, vivam e desfrutem mais de 100 anos.

Teu amigo,

Fidel Castro Ruz

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Publicada em: 02/12/2007
Fonte: Direto da Redação por Leila Cordeiro

DONA CANÔ E NIEMEYER
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O cenário não podia ser mais apropriado para uma conversa entre dois seres humanos muito especiais. Um lago imenso de água transparente cercado de palmeiras com uma brisa suave embalando as palavras e pensamentos daquelas duas personalidades .

De um lado, o carioca Oscar Niemeyer, que revolucionou a arquitetura no Brasil e no mundo usando o concreto armado em suas construções sinuosas e estilo arrojado, marcas que o consagraram em projetos como a Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, e a cidade de Brasilia, para citar alguns. Niemeyer teve apenas uma filha, mas a familia cresceu e hoje são cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos.

Do outro lado, a baiana Dona Canô, mãe de oito filhos, entre eles Caetano Veloso e Maria Bethania, mas bem antes dos dois ficarem famosos Dona Claudionor Vianna Tellles Velloso, já era ídolo em Santo Amaro da Purificação, pela sua sabedoria de vida e ajuda aos carentes, o que a levou ao altar do sincretismo religioso dos baianos que chegam a vê-la como uma santa.
Pois é, o que os dois têm em comum que os levaram a esse momento mágico da nossa imaginação? Exatamente, os dois estão completando um centenário de vida neste ano de 2007. Ela, um pouquinho mais velha do que ele, completou os cem anos em 15 de setembro. Ele, vai completar no próximo dia 15 de dezembro. Mas, pensando bem, o que são três meses de diferença no caminho de um centenário, não é verdade?

Dona Canô e Niemeyer começaram a conversa falando dessa busca incessante do ser humano pela longevidade.
Dona Canô - Oscar, o que você fez para chegar aos cem anos completamente lúcido e ativo, já que até foi convidado este ano para redesenhar o seu próprio projeto do Detran de São Paulo ?

Niemeyer
- Dona Canô, primeiro deixe-me cumprimentá-la pela chegada aos cem anos. Quanto a mim, que estou lá por dias, posso lhe dizer que essa lucidez e produtividade que a senhora vê em mim se devem ao amor por tudo que faço e por acreditar que sempre posso descobrir novas formas de fazê-lo, na busca pela modernização da beleza arquitetônica de estruturas de concreto, espalhando um estilo próprio mundo afora. E a senhora, como chegou até aqui?

Dona Canô
- Cheguei acreditando nas coisas simples da vida e tentando descomplicar o que pode parecer impossivel. Ultimamente tenho me deixado levar pela sabedoria dos filhos, aquela que eu mesma passei para eles. Mas, Oscar, dentre todos os seus projetos, que sei foram muitos no Brasil e no mundo, qual você considera o mais importante?
Niemeyer - Dona Canô, todos tem a mesma importância para mim porque foram concebidos num momento muito particular de inspiração, mas talvez pela grandiosidade e pelo peso histórico para o povo brasileiro eu responderia Brasilia. Mas sabe como me sinto hoje em relação a Brasilia? Como Santos Dumont sentiu-se em relação a sua invenção, quando na primeira guerra os aviões passaram a ser usados como armas de guerra.
Dona Canô - Entendo você, Oscar , Brasilia foi um sonho que levou você e Lúcio Costa, seu primeiro parceiro a sonharem com uma verdadeira cidade satélite, uma capital para um pais em desenvolvimento que traria muitas alegrias para o nosso povo.

Niemeyer - E a senhora Dona Canô, qual a sua maior realização?
Dona Canô – Sem nenhuma dúvida, meus oito filhos, dos menos aos mais famosos. Todos eles me mostram todo dia que fazê-los foi a grande realização desses meus cem anos de vida!

Essa é uma homenagem do Direto da Redação a esses dois incríveis brasileiros. São dois vitoriosos que nos orgulham e nos dão a certeza de uma vida bem vivida alimentada por uma fonte natural da juventude. Prova de que a educação acadêmica é apenas um detalhe a mais quando você já nasce vencedor.

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Nelson Motta dá entrevista a Jô Soares e revê apresentação de Tim Maia




O jornalista, escritor e produtor musical
Nelson Motta foi ao Programa do Jô para falar sobre o lançamento de Vale-Tudo - O som e a fúria de Tim Maia. Durante os dois blocos de sua entrevista, Nelson contou algumas passagens curiosas do livro, como as prisões durante sua juventude nos Estados Unidos, sua relação conflituosa com Roberto Carlos e suas participações no Clube do Rock, programa que foi o berço da Jovem Guarda.

Motta contou que usou no livro as entrevistas dadas por Tim ao programa "Jô Onze e Meia". Ao final do segundo bloco da entrevista, foi exibido um VT com a última apresentação musical de Tim Maia no "Jô Onze e Meia".


Clique aqui para assistir ao vídeo da entrevista

Visite o HotSite sobre o livro em www.objetiva.com.br/valetudo

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Livro "A Bússola de Ouro", Ed Objetiva - Estréia nos Cinemas: 25 de Dezembro

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Baseado no primeiro livro de uma trilogia escrita por Philip Pulman, "Fronteiras do Universo: A Bússola de Ouro" é uma marcante aventura fantástica que tem seu desenrolar num mundo paralelo onde as almas das pessoas se manifestam como pequenos animais, ursos falantes travam batalhas e as crianças desaparecem misteriosamente. A protagonista da história é a jovem de 12 anos chamada Lyra, uma garota aventureira que parte numa viagem para encontrar e salvar o seu melhor amigo, Roger, e termina numa estimulante jornada para salvar, não somente o seu próprio mundo mágico, como também o nosso. No elenco de "A Bússola de Ouro", está Nicole Kidman (ganhadora do Oscar pelo seu papel em "As Horas", que interpretará a primeira vilã de sua carreira, Sra. Coulter, uma socialite incrivelmente glamourosa e perigosa; Daniel Craig também contracenará com Kidman, vivendo um impiedoso aventureiro e erudito que possui um passado misterioso. A protagonista, por sua vez, é Dakota Blue Richards, uma estreante que participou de um teste na Inglaterra. A garotinha foi escolhida dentre 10.000 jovens entre 10 a 13 anos. Na equipe de atores, também encontram-se outras personalidades conhecidas como Eva Green, a eterna Isabelle de "Os Sonhadores" e par romântico do James Bond em "007 - Cassino Royale" e Sam Elliot, que já atuou em produções como "Hulk", "Fomos Heróis" e "Obrigado Por Fumar". O filme foi roteirizado por Chris Weitz, que teve acesso à trilogia de Pulman em 2000, quando estava realizando o longa "Era Uma Vez Um Rapaz". Weitz disse que se surpreendeu com a imaginação de Pulman e logo sentiu-se atraído pela adaptação. "Fronteiras do Universo: A Bússola Sagrada" é um filme que mistura fantasia com realidade que promete agradar o público em geral.
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Outros livros da trilogia 'Fronteiras do Universo':
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Conheça o HotSite da trilogia:
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Autor de 'A Bússola de Ouro' fala da série que é uma grande aposta de Hollywood para o fim de ano
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Leia a entrevista, clique aqui

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Ivo Pitanguy conta suas histórias em livro





Maior cirurgião do País já operou beldades brasileiras e internacionais

Márcia Vieira
RIO


Em julho de 1969, o guerrilheiro Carlos Lamarca, já procurado pelos militares, submeteu-se a uma cirurgia plástica em uma casa em Santa Teresa, no Rio. Reduziu o nariz, aumentou o queixo, tirou sulcos da testa. O cirurgião, Afrânio Azevedo, não sabia quem era o paciente. Procurado pelo médico Almir Dutton Ferreira, militante de esquerda, sabia apenas que era alguém da VPR, a Vanguarda Popular Revolucionária. O paciente internou-se com o nome de Paulo César de Castro. Profissão: cabeleireiro. Afrânio foi processado pela Justiça Militar.

Ivo Pitanguy, então já o maior cirurgião plástico do País, foi chamado para depor. E defendeu seu ex-aluno. Primeiramente, argumentou que ele poderia não conhecer a identidade do paciente. "E, para um cirurgião plástico, quando uma pessoa chega com nariz grande e pouco queixo, o natural é ele fazer a cirurgia. Se o sujeito vai ficar melhor, é o que interessa", conta. Afrânio foi liberado.


Essa história, porém, nao está em “Aprendiz no tempo”, autobiografia que Pitanguy lança na segunda-feira pela Nova Fronteira. Achou melhor não remexer tanto assim no passado, embora haja muitos registros e documentos sobre o episódio. Mas o livro traz excelentes histórias do homem que criou novas técnicas e virou referência mundial em cirurgia plástica. Aos 80 anos, Pitanguy continua operando três vezes por semana em sua clínica em Botafogo, zona sul do Rio. Toda semana, vai à Santa Casa, onde há 47 anos fundou o serviço de cirurgia plástica e reparadora para carentes.

Em sua extensa lista de cerca de 60 mil cirurgias, nunca aconteceu caso parecido com o de Lamarca, muito menos como o do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, que passou por várias cirurgias para mudar de rosto. "No caso dele, ficou horrível. Cirurgia para mudar alguém para pior não deve ser feita. E, além disso, tirar impressão digital é crime”, diz.

"As pessoas me procuram e pedem coisas que eu não vou poder atender. Ouço e tento ajudar de alguma forma. Não operando, mas encaminhando a tratamento psicológico, por exemplo." A última moda é boca à Angelina Jolie, carnuda, exuberante. "A Angelina é uma mulher bonita, mas da boca eu não gosto. Fazer boca grande com enchimento fica feio. A boca polpuda fica bonita quando os traços combinam uns com os outros."


Em aprendiz do tempo, além de contar a infância em Belo Horizonte, os estudos no Rio, Estados Unidos, França e Inglaterra, Pitanguy descreve casos que passaram pelo seu consultório, mantendo sempre o sigilo sobre o nome do paciente, gerlamente famoso. Ele não conta, mas se sabe que já operou Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Ursula Andrews, o rei Hussein, da Jordânia, a imperatriz Farah Diba, a princesa Stéphanie de Mônaco, o piloto de Fórmula 1 Niki Lauda, além de celebridades tupiniquins, como Sônia Braga, Glória Pires, Vera Fischer, Marta Suplicy e por aí vai.

Seu ícone de beleza é a amiga Tônia Carrero. "Ela é linda e se manteve bonita ao longo dos anos porque sabe viver com equilíbrio cada fase da vida." Nos 45 anos de funcionamento da clínica, Pitanguy já ouviu de tudo. Houve uma época em que a paranóia das mulheres era tirar o culote, o excesso de gordura nas coxas. Ele inventou até técnica especial. "Eu não sei o que surgiu primeiro: o jeans ou o culote", brinca. O fato é que as mulheres só começaram a se preocupar com isso quando o jeans entrou na moda.

Hoje a grande procura é pelo rejuvenescimento facial. "A lei da gravidade é implacável. Mas o que podemos fazer é atenuar os traços da idade." Pitanguy acredita que, com a evolução das pesquisas com células-tronco, será possível permanecer jovem por muito mais tempo. "A primeira utilidade da pesquisa de célula-tronco para a cirurgia plástica seria a substituição de órgãos, a melhora nas condições da pele e minimizar os efeitos da idade com uma célula nova. No futuro imediato, nós poderemos realizar o antigo sonho da juventude eterna.”


Um dos capítulos mais impressionantes do livro é o que narra o incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em 17 de dezembro de 1961, em Niterói. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Pitanguy montou uma equipe de médicos em Niterói para os primeiros socorros. "Ainda hoje soam em meus ouvidos os gemidos e os lamentos das vítimas", lembra.

Para o cirurgião não há diferença entre um paciente que precise de cirurgia reparadora, caso dos queimados, daquele que recorre ao bisturi por pura vaidade. “O sofrimento é muito semelhante. O importante é proporcionar bem-estar ao paciente. Quando eu criei o Serviço na Santa Casa, eu quis ‘deselitizar’ não só a cirurgia reparadora como também a estética.”


No livro, conta algumas das suas regras básicas para uma carreira bem-sucedida. Ensina, por exemplo, que "o cirurgião deve desconfiar dos modismos". "O paciente pede o nariz da Elizabeth Taylor, mas, quer também tudo o que acompanha aquele nariz. "Milagre, o cirurgião não faz. Nem mesmo Ivo Pitanguy.

O Estado de S. Paulo (SP) 24/11/2007

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